sexta-feira, novembro 11, 2011



As escadas rolantes do metro da Baixa/Chiado gemem. Emitem um gemido sussurrante que nos acompanha enquanto estamos parados a deixar que elas nos levem até ao topo. Vamos ali ensonados, encostados à direita, a sentir o toque metálico nas ancas. Em silêncio. Àquela hora da manhã ninguém tem vontade de conversas. Se passa alguém apressado a subir verdadeiramente os degraus, estranhamos. Cheira a metal e a óleo, aromas de oficina. A luz é difusa, fantasmagórica. De vez enquanto ouve-se um estalido, que incomoda, tenta despertar-nos os sentidos, mas não, continuamos a subir, suavemente, estáticos. Vamos ali embalados, cabeça vazia. Quando temos de mudar de lance, obrigamos o corpo a andar. E não gostamos do movimento. Muitas vezes não tenho vontade de chegar ao cimo, desejo que elas me levem até qualquer lugar misterioso, sempre a subir. Mas não, o meu destino é sempre o Chiado, que conheço como a palma das minhas mãos. Resigno-me à minha realidade.

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