sexta-feira, outubro 07, 2011


Bateu com a porta. Desceu o carreiro, precisava de estar sozinha. Inspirou profundamente, o cheiro tranquilizou-a. O ar entrava-lhe pelas narinas, quente e perfumado. Parou de repente, sentiu o vestido preso, soltou-o e viu o rasgão no tecido vermelho. Apanhou duas amoras, não as comeu. Continuou acariciando as folhas e as flores. Conhecia cada planta, todas as árvores e arbustos. O jardim e o pomar, o seu refúgio. Quando chegou à fonte sentou-se na pedra, estava quente. Mergulhou as mãos na água fresca, lavou as amoras e comeu-as. Doces, vermelhas da cor do vestido. Olhou para os sapatos, não resistiu, desatou os laços de seda e deixou-os cair no chão. Tirou a meias lentamente, os pés também precisavam de respirar. Virou-se e mergulhou-os na água verde. Ficou a chapinhar a sentir o prazer intenso da frescura entre os dedos. Fechou os olhos, e a liberdade percorreu-lhe todo o corpo.

Comentários: Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]





<< Página inicial

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Assinar Postagens [Atom]